Após tributos a Kane e Chelios, Red Wings batem Blackhawks

Thiago Leal

Chelios teve camisa aposentada; tricampeão com Chicago, Kane foi homenageado em vídeo e marcou o gol da vitória de Detroit, por 3 a 2, no OT

Foi um fim de tarde de fortes emoções para os torcedores do Chicago Blackhawks, que recebeu a visita do Detroit Red Wings neste domingo (25). Primeiro, rever o herói Patrick Kane, que pela primeira vez foi à cidade como adversário. E ainda teve a aposentadoria da camisa 7, em homenagem ao ex-capitão Chris Chelios, no melhor jogo possível para tal tributo: o ex-defensor foi ídolo de ambos, Chicago e Detroit — ganhando duas Stanley Cups com o último. No rinque, a torcida foi brindada com uma grande partida, que terminou com vitória por 3 a 2 dos Red Wings no OT, com gol decisivo do próprio Kane.

O confronto entre os dois times foi amplamente antecipado pela imprensa local devido ao primeiro encontro de Kane e do novo ídolo da cidade, Connor Bedard, fã declarado do ex-atacante dos Blackhawks. A própria transmissão enfatizava o duelo pessoal, chegando a comparar estatísticas dos dois em suas temporadas de estreia na NHL.

O tributo a Kane, campeão da Stanley Cup com o time em 2010, 13 e 15, aconteceu durante o primeiro período, em uma das paradas para face-off. O telão da arena exibiu um vídeo de melhores momentos de sua carreira em Chicago, além de homenagens de fãs. A torcida presente na arena ovacionou o jogador.

“É incrível fazer parte deste momento”, comentou Bedard, no intervalo entre a primeira e a segunda etapa. “Mas claro que quero ganhar.” Um dos lances notáveis foi um hit do calouro no ídolo. “Ele veio meio imprudente para cima de mim. Deu sorte de eu não ir atrás dele”, brincou Kane, provocando risadas.

Bedard acabou sendo fundamental para a virada de Chicago, no segundo período. No único power play do jogo, com o placar empatado em 1 a 1, Bedard arriscou um chute forte. O puck escapuliu da luva de James Reimer e escorregou lentamente para a trave.

Embora o gol tenha sido, inicialmente, atribuído a Bedard, ele logo foi creditado a Nick Foligno, que, parado na frente do goleiro de Detroit, desviou o disco.

Equilibrada do início ao fim, a partida acabou decidida pela infame “lei do ex.” Na reta final da partida, Alex DeBrincat, tentou um chute que acabou acidentalmente bloqueado por Kane. O que poderia ser uma trapalhada acabou virando assistência. DeBrincat recuperou a posse, chutou e acabou marcando o gol de empate graças a uma infelicidade do goleiro Petr Mrazek, qie desviou o puck para dentro da própria trave.

Com o tempo regulamentar terminado em 2 a 2, o jogou seguiu para a prorrogação. No OT, o protagonismo se inverteu: após boa defesa de Reimer, o disco sobrou para DeBrincat que lançou Kane. O atacante dos Red Wings avançou sozinho e, no mano a mano com Mrazek, marcou o gol da vitória e acabou aplaudido por todos os presentes, torcedores de Detroit e Chicago.

“Não foi nosso melhor jogo, mas demos um jeito. Esse grupo sempre dá um jeito”, disse Kane, após a vitória. O atacante também falou sobre as homenagens. “Já estive do outro lado. Patinar até o banco de reservas, estar nesse vestiário…”

Com o resultado, Detroit pulou para quarto na Divisão do Atlântico com 70 pontos em 58 jogos e lidera a briga pelo Wild Card na Conferência Leste. Seu próximo jogo será contra o Washington Capitals, em casa, nesta terça-feira (27). Chicago amarga a lanterna da liga com 35 pontos e, na quinta-feira (29), recebe o Colorado Avalanche.

Chris Chelios e a aposentadoria da camisa 7

Nascido em Chicago, Chris Chelios chegou os Blackhawks em 1990, após sete anos no Montreal Canadiens, com quem ganhou a Stanley Cup em 1986. Nomeado capitão do time em 1995, ele defendeu Chicago até 99, quando foi negociado com os Red Wings. Em Detroit, ganhou mais duas Stanley Cups, em 2002 e 08.

Chelios jogou até os 48 anos de idade e encerrou a carreira jogando pelo Chicago Wolves, time da American Hockey League, filiado ao Atlanta Thrashers. O veterano foi nomeado para o Hall da Fama do hóquei em 2018.

Como de costume, a cerimônia aconteceu antes do jogo. Em grande estilo, Chelios chegou para a festa ao lado de familiares e entrou no rinque dirigindo um Cadillac.

“É inacreditável que isso esteja acontecendo, sou muito grato. Sou de Chicago, torci pelos times de Chicago minha vinda inteira”, declarou, citando os títulos do Chicago Bears, no Super Bowl de 1985, e do Chicago White Sox, na World Series de 2005. “Meu coração nunca saiu de Chicago e, felizmente, estou de volta.”

Wayne Gretzky, Brett Hull e seus ex-colegas de time Tony Amonte e Ed Belfour estavam presentes. Outras personalidades queridas em Chicago também participaram: Eddie Vedder, cantor natural de Illinois que ficou famoso como vocalista do Pearl Jam, banda de Seattle, e o ex-jogador de basquete Dennis Rodman, tricampeão da NBA pelo Chicago Bulls.

Michael Jordan, que dispensa apresentações, não pode ir, mas gravou um breve depoimento em vídeo. “Você merece, Chelios, e tenho orgulho de ver sua camisa, ali, ao lado da minha”, disse o ídolo máximo dos Bulls.