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9 de abril de 2024 - 18h04

Quem é Kamilla Cardoso e em que posição ela deve sair no Draft 2024 da WNBA

De Montes Claros aos Estados Unidos, Kamilla constrói uma carreira de alto nível fora do país desde os 14 anos de idade

Kamilla Cardoso - South CarolinaNo último domingo (7), a pivô brasileira Kamilla Cardoso, de South Carolina Gamecocks, foi campeã da Division I do Torneio da NCAA, no basquete universitário feminino dos Estados Unidos, com um jogo absurdo de 15 pontos, 17 rebotes e três tocos na vitória por 87 a 75 sobre Iowa Hawkeyes e ganhou muitos holofotes aqui no Brasil.

Já bastante famosa nos EUA por seu protagonismo dentro da equipe de South Carolina, principalmente em 2023/2024, a pivô também faturou o prêmio de “Most Outstanding Player” do Torneio da NCAA, ou seja, melhor jogadora do campeonato, e só coroou a carreira de quatro temporadas de college, da qual ela se despediu com o jogo. A brasileira agora encara o Draft 2024 da WNBA, no dia 15 de abril, e será presença garantida dentro do top 5 da seleção.

Nascida em Montes Claros, interior de Minas Gerais, Kamilla resolveu sair do Brasil para tentar a sorte com o basquete nos Estados Unidos aos 14 anos de idade, sem falar praticamente nada de inglês, e conseguiu triunfar, com paciência, em uma trajetória de, até aqui, oito anos e muita evolução.

Quem é Kamilla Cardoso?

Com o objetivo de jogar o basquete universitário nos EUA, Kamilla chegou no Ensino Médio em terra norte-americanas e conseguiu ser aceita na Hamilton Heights Christian Academy, em Chattanooga, Tennessee, escola não tão famosa no basquete, mas que abrigou os primos canadenses Shai Gilgeous-Alexander e Nickeil Alexander Walker, jogadores da NBA, antes de suas carreiras universitárias. Alta, forte e ágil, a brasileira não demorou muito a começar a chamar atenção.

Em seu ano de senior (quarto ano), já com 1,98 m de altura, Kamila teve médias de 24,1 pontos, 15,8 rebotes e 9,2 tocos (!) por jogo, sendo ranqueada como uma prospecto cinco estrelas pela ESPN saindo do Ensino Médio e selecionada para o McDonald’s All-American Game 2020. Devido à pandemia, o jogo, que envolve os maiores talentos do Ensino Médio, acabou não acontecendo e as jogadoras foram condecoradas virtualmente, mas Kamilla, listada a mais alta entre as 24 jogadoras, dividiu a seleção com Caitlin Clark, Paige Bueckers, Cameron Brink, Angel Reese, Hailey Van Lith e Deja Kelly, todas jogadoras que, em um nível ou outro, viraram estrelas no universitário.

Recebendo diversas ofertas de universidades para continuar a promissora carreira, a pivô resolveu ir para Syracuse Orange, dispensando ofertas de UConn, Ohio State, Mississippi State e South Carolina, programas mais consolidados no basquete feminino, em geral.

Jogando por Syracuse em 2020/2021, a brasileira foi titular em 22 dos 24 jogos que disputou, e teve boas médias de 13,6 pontos, 8 rebotes e 2,7 tocos, chamando atenção nacional ao se tornar a primeira caloura da história de Syracuse a faturar o prêmio de Caloura do Ano da ACC.

Mesmo com os bons números e o reconhecimento, a campanha curta e o programa menor em comparação a seu potencial fizeram com que a pivô tomasse a decisão de se transferir, em 2021/2022, para South Carolina, um programa consolidado pela técnica Dawn Staley basicamente desde 2013/2014, primeira temporada de uma sequência em que a equipe chega, ao menos, ao Sweet 16 do Torneio da NCAA.

Ainda que prestigiada, o começo não foi um mar de rosas para Kamilla. Reserva, a pivô atuou em 32 partidas e acumulou as médias de 5,4 pontos, 5,1 rebotes e 1,4 toco em 13,3 minutos por jogo, praticamente dez minutos a menos por partida em comparação ao que tinha em Syracuse. Apesar da baixa da produtividade, a brasileira provou uma inédita corrida profunda no Torneio da NCAA, jogando pela primeira vez na carreira o Sweet 16, o Elite 8, o Final Four e uma final, em campanha coroada com seu primeiro título.

Na temporada seguinte, ainda na reserva, a pivô aumentou sua participação dentro da rotação das Gamecocks e viu uma evolução em todos os seus números. As médias foram para 9,8 pontos, 8,5 rebotes e 1,9 toco em 18,9 minutos, ao longo de 36 jogos, e novamente a equipe chegou ao Final Four, mas desta vez parando nas Hawkeyes de Clark.

2023/2024 chegou e foi sua temporada de consagração. Promovida à titular por Staley, Kamilla consolidou a figura de grande defensora de garrafão que construiu ao longo da curta carreira e foi premiada diversas vezes ao longo da temporada, vencendo os prêmios de Jogadora Defensiva do Ano da SEC e da WBCA, entre diversos outros prêmios. As médias da brasileira novamente subiram, para 14,4 pontos, 9,7 rebotes e 2,5 tocos em 25,4 minutos e ela foi a maior responsável em liderar uma campanha que terminou invicta para as Gamecocks, com o título sobre Clark e as Hawkeyes no último domingo (7).

Pela seleção brasileira adulta, Kamilla já tem um currículo e tanto para a pouca idade. A pivô estreou no adulto na AmeriCup 2021, em Porto Rico, e teve boa participação ajudando o Brasil a chegar à medalha de bronze, com médias de 9,9 pontos e 8 rebotes. No ano seguinte, já com maior protagonismo, acumulou 14,8 pontos, 11,4 rebotes, 2,6 tocos e o MVP do torneio na campanha do ouro brasileiro no Sul-Americano 2022.

Em 2023, ela teve seu ponto alto com a seleção. A pivô era a destaque do Brasil para a AmeriCup 2023, no México, e não decepcionou, faturando o MVP do torneio com médias de 10,9 pontos e 8,3 rebotes, em campanha que levou o Brasil a bater os EUA de Angel Reese na final e levar a medalha de ouro.

Estilo e em que posição Kamilla deve sair no Draft 2024 da WNBA

Kamilla Cardoso - South Carolina x Iowa

Desde o início de sua ascensão no basquete universitário dos EUA, Kamilla mostrou seu potencial como defensora e sua trajetória, paciente, libertou todas as suas qualidades. Com 2,01 m e mobilidade, a brasileira tem uma defesa de garrafão e proteção de aro já de calibre profissional e deverá chegar praticamente pronta para a WNBA deste lado da quadra.

O ataque é onde a brasileira tem mais características a serem polidas. Ela tem boa definição próxima ao aro e consegue pontuar em segundas chances como ninguém e assim ela justifica seus 59,4% de aproveitamento nos arremessos de quadra da última temporada. Porém, conforme se afasta da zona restrita, as dificuldades aumentam. A pivô precisaria desenvolver uma arremesso de média distância mais confiável e melhorar o aproveitamento nos lances livres (65,9% em 2023/2024) a fim de se destacar ainda mais.

Mesmo com essas fraquezas notadas, a pivô é vista de um modo geral como um força defensiva muito destacada e sua atitude dentro do garrafão ofensivo não passa despercebida de maneira alguma. Caitlin Clark sairá na primeira posição e Cameron Brink, pivô de Stanford e  também estrela midiática nos EUA, parece que se encaminha para sair na segunda, mas entre a terceira e a quarta posição, a vaga está em aberto e dá para confiar que a brasileira poderá sair neste top 3.

Como esperança para o grande feito, o portal norte-americano NBA Draft Room, respeitado em mocks draft, tanto da NBA quanto da WNBA, alçou a pivô à segunda colocação em sua atualização do dia 8 de abril, deixando Brink na quarta posição.

De um jeito ou de outro, Kamilla estará na WNBA em 2024 e não teria jeito melhor de iniciar a nova fase da carreira senão bebendo da melhor fonte que são as estrelas brasileiras que passaram pela liga dos EUA, como a pivô Érika de Souza, conforme revelou em participação no “ESPN League”, da ESPN do Brasil, nesta segunda-feira (8). “Falo, principalmente, da Érika. Sempre que a gente se encontra, conversamos bastante, me inspiro muito nela. Então, toda vez que a gente se encontra no Brasil tento pedir conselhos e ela sempre me ajuda […] Ter como conversar com elas é sempre importante para mim”, disse.

(Fotos: Reprodução Twitter / South Carolina Women’s Basketball)

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