[PRÉVIA] Playoffs NBA 2024: Boston Celtics x Dallas Mavericks

Primeiro colocado da Conferência Leste na temporada regular, e da liga como um todo, com 64 vitórias, o Boston Celtics superou o Miami Heat na primeira rodada dos playoffs em cinco jogos e despachou o Cleveland Cavaliers, também com um dominante 4 a 1, nas semifinais de conferência. Nas finais do Leste, os celtas encararam e varreram o Indiana Pacers para voltarem às finais da NBA depois de apenas dois anos.

A equipe encara o Dallas Mavericks no confronto, time que passou na quinta posição do Oeste e eliminou o Los Angeles Clippers na primeira rodada e o Oklahoma City Thunder, líder da conferência na temporada regular, nas semifinais. A franquia texana voltou às finais de conferência depois de dois anos e desbancou o Minnesota Timberwolves em cinco jogos, tornando-se o primeiro time desde 2001 a vencer três adversários de pelo menos 50 vitórias na temporada regular para chegar às finais.

Os Celtics, maiores vencedores da NBA com 17 títulos, ao lado do Los Angeles Lakers, chegam à sua 23ª série em finais da NBA, a primeira desde 2022, quando perderam para o Golden State Warriors por 4 a 2. Antes disso, a equipe venceu seu último título em 2008 e foi para a última final, antes de 2022, em 2010.

Do outro lado, os Mavericks estão em apenas sua terceira final da história. A equipe perdeu em seis jogos para o Miami Heat em 2006, mas deu o troco para seu único título em 2011. Em 2022, a equipe havia chegado às finais de conferência, mas perderam para os campeões dos Warriors.

A chegada das duas equipes às finais da NBA podem surpreender, ao menos pelo lado dos Mavs, mas a realidade é que os dois times se provaram os melhores de suas conferências dentro de quadra e fazem jus à chance de título. Não dá para escapar: ou Jayson Tatum e Jaylen Brown conquistam seu primeiro título da carreira ou quem chegará à marca é Luka Doncic. Venha com a gente, porque temos mais coisas em jogo!

Acompanhe aqui mais uma prévia do The Playoffs!

(Foto: Tim Heitman / Getty Images)

CELTICS X MAVERICKS: COMO CHEGAM

Vindo da terceira temporada seguida com mais de 50 vitórias, os Celtics tiveram incríveis 64 vitórias em 2023/2024, sua melhor marca desde 2008, ano do último título. A equipe decepcionou na última pós-temporada, quando foi derrotada por 4 a 3 pelo Miami Heat nas finais de conferência, mas se reforçou com Jrue Holiday e Kristaps Porzingis e, claramente, melhorou o time dos dois lados da quadra, principalmente na defesa de perímetro, transformando-se em, discutivelmente, a melhor da NBA no quesito.

Chegando aos playoffs com a melhor campanha geral, a equipe encarou o Heat na primeira rodada e atropelou o rival, algoz da última pós-temporada, por 4 a 1, depois de perder o jogo 2, em casa. Na sequência, confronto contra o Cleveland Cavaliers e mesmo cenário: derrota no jogo 2 e domínio no restante para novamente fazer 4 a 1. Nas finais de conferência, Boston encarou jogos difíceis contra o Indiana Pacers, mas o resultado foi um sonoro 4 a 0.

Há que prefira apontar para as facilidade de Boston na trajetória, como as ausências de Jimmy Butler, Jarrett Allen, Donovan Mitchell e Tyrese Haliburton ao longo das séries, mas o time tem campanha de 12-2 nesta pós-temporada e não passou sufocos. Difícil pensar que as classificações não viriam com os adversários completos, até porque o próprio Boston ficou sem Porzingis desde a série contra Miami.

Melhor ataque e segunda melhor defesa da temporada regular, os Celtics se impuseram também nos playoffs e chegam às finais como segundo melhor ataque e terceira melhor defesa, única equipe de todo os playoffs no top 3 dos dois lados da quadra, acumulando o melhor saldo de pontos a cada 100 posses da pós-temporada (10,8).

Jayson Tatum chega à grande final como líder dos Celtics em médias de pontos (26), assistências (5,9) e rebotes (10,4), ainda que esteja penando muito nos arremessos de três, com 29% de aproveitamento em 7,1 tentativas por jogo. Jaylen Brown, eleito o MVP das finais do Leste, vem na sequência com médias de 25 pontos, 2,6 assistências e 6,1 rebotes. O terceiro pontuador é o eficiente Derrick White, que sustenta 17,8 pontos em ótimos aproveitamentos de 47,1/40,7/89,3 nos arremessos.

Depois de falharem em chegar aos playoffs na última temporada, os Mavericks se movimentaram na offseason e o trabalho, que parecia bom, teve uma mudança de rumo no meio da temporada. A seleção do pivô Dereck Lively no Draft se mostrou ótima, junto com a aquisição de Derrick Jones Jr. pelo mínimo de veterano ainda na offseason e as chegadas de Daniel Gafford e P.J. Washington no trade deadline, que alavancaram boa sequência dos Mavs para terminarem na quinta posição do Oeste, com 50 vitórias, marca que a equipe chegou pela 16ª vez em sua história.

Nos offs, a equipe enfrentou os Clippers sem mando de quadra e conseguiu vencer dois jogos fora de casa para levar a série por 4 a 2. Na sequência, confronto contra o Thunder e novamente duas vitórias fora de casa levaram os Mavericks às finais de conferência pela segunda vez em três anos. Na grande final de conferência, o terceiro time de mais de 50 vitórias na temporada, o Minnesota Timberwolves, que havia derrubado o atual campeão, Denver Nuggets, na série anterior, e domínio dos Mavs, que fizeram 3 a 0 e encaminharam a vitória por 4 a 1 com três triunfos longe de seus domínios.

Os Mavs endereçaram os problemas defensivos e de tamanho no garrafão entre a offseason e o trade deadline, adicionando primeiramente Lively e Jones Jr. e depois Gafford e Washington, e tudo deu bastante certo. A equipe teve a melhor defesa dos últimos 15 jogos da temporada regular, algo até impensável para quem tinha a 19ª da temporada pré-All-Star Game. Nos playoffs, Dallas tem a sétima melhor defesa, sendo o quarto time que mais pega rebotes ofensivo (31%) nos playoffs.

Na pós-temporada, Doncic jogou com dores flagrantes em diversos jogos, mas ainda assim liderou a equipe com médias de 27,3 pontos, 9,7 rebotes e 9,1 assistências, apesar dos péssimos 30,1% de aproveitamento nos arremessos de três. Kyrie Irving vem logo atrás do esloveno, com 21,1 pontos, 5,4 assistências e ótimos 44% nas bolas de três. Washington completa o trio com 14,3 pontos, 6,8 rebotes e 40,7% nos arremessos de três, e Jones Jr. é o último jogador com pelo menos dez pontos de média nos offs (10,8).

O CONFRONTO

A maior, ou mais comentada, história destas finais é encontro de Kyrie Irving com seu ex-time, os Celtics, depois de uma saída conturbada e uma relação estremecida que tem se arrastado nos últimos anos. A batalha Kyrie vs Celtics é um tanto abstrata, mas na quadra, juntando forças com Luka Doncic, contra a dupla de Boston, formada por Jrue Holiday e Derrick White, essa sim será uma verdadeira batalha.

Uma das (quase) polêmicas desta pós-temporada, mais intensamente depois de definida a final, é a colocação de Irving e Doncic como uma das principais duplas ofensivas da história da liga. Com ou sem argumento, fato é que os dois vêm em uma grande pós-temporada e são o grande motor de Dallas. Eles são a segunda dupla que mais pontuou ou assistiu nos últimos 25 anos de playoffs (74,8% dos pontos de Dallas) e possuem quatro jogos com cada um marcando 30 ou mais pontos, terceira maior marca da história.

Ainda que não pontuem ou assistam os companheiros, os dois são quem conseguem desequilibrar as defesas adversárias, assim abrindo espaços para todos os outros jogares, e eles têm feito muito bem isso quando possível. Para se ter uma ideia, as 4,6 bolas de três certeiras da zona morta de média que Dallas tem nesta pós-temporada lideram entre todos os times por muito, fruto da gravidade e preocupação que Ky e Luka geram na defesa adversária.

O grande segredo para Boston do lado defensivo é limitar esse jogo dos dois. A dupla conseguiu superar basicamente tudo que Thunder e Timberwolves, duas das melhores defesas da temporada regular, jogaram para cima, e não foi pouca coisa. Seja limitando o jogo dos dois ou diminuindo o sucesso dos companheiros, os Mavs tiveram resposta para tudo. Porém, voltamos a Boston. É a defesa mais versátil que Dallas poderia pegar. Não só Holiday e White, mas Brown e Tatum são defensores muito capazes de pressionarem o homem da bola de diversas maneiras.

Um dado muito interessante sobre essa abordagem potencial de Boston são as dobras. Luka foi o jogador com a bola mais dobrado da temporada, enquanto que Boston, justamente pela versatilidade e capacidade de seu elenco, foi a segunda equipe que menos dobrou nessa situação. Luka e Kyrie conseguem se virar muito bem nessas situações entre si e escapar de dobras normalmente vira o jogo para o ataque, que retoma o controle da jogada. De cara, a abordagem de Boston nos corta-luzes deverá ser de trocas, a fim de forçar os jogos de um contra um e travar o desequilíbrio.

Os coadjuvantes de Luka e Kyrie foram muito bem na rodada anterior, principalmente os homens grandes (Lively e Gafford), mas também Jones Jr. e Washington, sempre como ameaças para pontes aéreas, além da proteção de garrafão dos pivôs. A volta de Porzingis torna-se bem importante para Boston nesse sentido. Em alguns momentos, Boston teve dificuldades com Indiana pela falta de tamanho, mas, além disso, o letão oferece um espaçamento mais eficiente do que o de Al Horford, um aprofundamento na rotação e melhor proteção de aro quando os armadores conseguem entrar no garrafão.

Sobre o espaçamento que “KP” oferece, temos que falar nas bolas de três da equipe, que mata e morre por esse tipo de arremesso. Nesta pós-temporada, os Celtics foram o time que mais tentou de três por jogo (média de 39,8) e o que mais acertou (14,6), ainda com um  bom aproveitamento de 36,8% (sexto dos playoffs), pouco abaixo dos 37,2% dos Mavericks, equipe que tenta quase seis arremessos de fora a menos do que os celtas.

Quatro dos cinco titulares, mais Payton Pritchard, têm pelo menos 36,8% de aproveitamento nas bolas de três nesta pós-temporada, números ótimos. O problema é que o único titular fora da lista de excelência é justamente Tatum, melhor jogador do time. Nestes playoffs, o ala tem somente 29% de aproveitamento em em 7,1 tentativas por jogo, muito diferente de seus 37,6% em 8,2 tentativas na temporada regular. Uma pergunta para a série é justamente qual “JT” que se apresentará em relação à seleção de arremessos e aproveitamento. O astro tem impactado bem os jogos de outras maneiras, mas uma ótima produção de pontos será necessária para o sucesso da equipe.

O jogo 1 sempre nos dá a temperatura da série, mas ele está longe de ser um definidor, ainda mais depois que Jason Kidd e Joe Mazzulla mostraram evolução com ajustes dentro de jogos e de um jogo para o outro. A grande questão parece ser mesmo a batalha entre a defesa de Boston, em especial a de perímetro, e a dupla Doncic-Irving. Quem estiver um passo à frente aqui sempre estará um passo mais próximo da vitória.

(Foto: Divulgação Site / Boston Celtics)

RETROSPECTO

As franquias se enfrentaram duas vezes na temporada regular, uma em janeiro e outra em março de 2024, com duas vitórias dos Celtics. Na primeira partida, antes do trade deadline, Boston jogou sem Porzingis, mas Dallas estava sem Washington e Gafford, com muitos minutos de Green, Hardaway e Grant Williams, uma configuração bem distinta da atual. No segundo jogo, pós-trade deadline, Boston jogou completo e Dallas tinha os jogadores atuais, porém, novamente, Hardaway teve muitos minutos e tanto Jones Jr. quanto Gafford tiveram poucos.

Dallas Mavericks 110 x 119 Boston Celtics – 22/1/2024, American Airlines Center (Dallas)

Boston Celtics 138 x 110 Dallas Mavericks – 1/3/2024, TD Garden (Boston)

AGENDA DA SÉRIE

Jogo 1: Dallas Mavericks @ Boston Celtics, 6/6, 21h30 (horário de Brasília)

Jogo 2: Dallas Mavericks @ Boston Celtics, 9/6, 21h (horário de Brasília)

Jogo 3: Boston Celtics @ Dallas Mavericks, 12/6, 21h30 (horário de Brasília)

Jogo 4: Boston Celtics @ Dallas Mavericks, 14/6, 21h30 (horário de Brasília)

Jogo 5: Dallas Mavericks @ Boston Celtics, 17/6, 21h30 (horário de Brasília)*

Jogo 6: Boston Celtics @ Dallas Mavericks, 20/6, 21h30 (horário de Brasília)*

Jogo 7: Dallas Mavericks @ Boston Celtics, 23/6, 21h (horário de Brasília)*

*Se necessário

PALPITE: CELTICS 4-3 MAVERICKS

Quem tem acompanhado as prévias por aqui, sabe que o jogo 7 tem sido ativo nas previsões. Novamente, a vontade para isso é grande e não enxergo essa possibilidade como tão distante não. Os Mavericks mostraram em todas as suas séries serem capazes de superar diversas variações defensivas, ao mesmo tempo que elevou sua defesa nesta pós-temporada e se colocou nessa posição de disputa de título com louvores.

Além disso, a dupla formada por Doncic e Irving é capaz de ganhar jogos, decidindo na reta final, como aconteceu por essa pós-temporada, inclusive o calcanhar de Aquiles deste time de Boston, que apresentou mostras que pode superar esse defeito, como fez na série contra os Pacers.

O problema para os Mavs é que Boston tem um quinteto melhor, mais versátil, funcional e forte do que as defesas que os texanos encararam até aqui e deverá dificultar ao máximo o trabalho de Dallas. Do lado ofensivo, também muitas armas entre os titulares celtas. No fim, acho que essa abundância de qualidade prevalecerá e dará a Tatum e Brown o primeiro título de suas carreiras, depois de terem batido na trave em outras situações.