[PRÉVIA] Playoffs NBA 2024: Denver Nuggets x Minnesota Timberwolves

Segundo lugar da Conferência Oeste na temporada regular, o Denver Nuggets passou pelo Los Angeles Lakers na primeira rodada dos playoffs e encara o Minnesota Timberwolves, terceiro lugar que varreu o Phoenix Suns na primeira rodada, nas semifinais de conferência dos playoffs 2024 da NBA.

Essa será apenas a terceira vez que as franquias se encontram na pós-temporada. A primeira foi em 2004, em temporada de MVP de Kevin Garnett, quando os Wolves bateram os Nuggets na primeira rodada e chegaram até as finais de conferência contra os Lakers, mas saíram derrotados. A segunda aconteceu na primeira rodada da última temporada e os Nuggets venceram por 4 a 1 no início da jornada que levaria ao inédito título da franquia.

Depois de 2004, os Wolves só voltaram aos playoffs em 2018 e agora emplacam três idas seguidas sob a batuta do técnico Chris Finch, sem ter vencido a primeira rodada até a atual temporada. Os Nuggets vivem situação mais favorável recente. Desde 2019, a equipe acumula seis idas seguidas à pós-temporada, com direito a finais de conferência na “bolha de Orlando”, em 2020, e o título inédito de 2023.

Naquela que promete ser uma das melhores, senão a melhor, série desta temporada, Nuggets e Timberwolves se apoiarão nas estrelas de  Nikola Jokic, Jamal Murray e Anthony Edwards, coadjuvantes de luxo e sistemas de jogo bem consolidados a fim de tentarem superar o difícil rival.

Acompanhe aqui mais uma prévia do The Playoffs!

(Foto: Reprodução Instagram / Denver Nuggets)

NUGGETS X TIMBERWOLVES: COMO CHEGAM

Os Nuggets terminaram a temporada regular com 57 vitórias e 25 derrotas, empatados na primeira posição com o Oklahoma City Thunder, mas terminando em segundo pelos critérios de desempate, uma campanha superior em vitórias em relação a 2022/2023, quando a equipe foi líder na conferência sozinha.

A equipe terminou com o quinto melhor ataque e a oitava melhor defesa da temporada regular, ainda com diversos outros índices dentro do top 10. Denver manteve o núcleo campeão e conseguiu evoluir jogadores jovens ao longo de mais um temporada sólida da equipe. Na primeira rodada, o duelo contra os Lakers, apesar de vencido por 4 a 1, foi mais complexo do que o placar da série indicou. O time manteve bons índices ofensivos e defensivos e o característico sangue frio para se manter dentro de seu plano de jogo nos momentos críticos dos jogos para superar o experiente rival.

Com o quinteto titular preservado ao longo do ano, o jeito de jogar da equipe de Michael Malone não se alterou desde a temporada campeã. A equipe tem um jogo que, apesar de lento, possui ataque fluido, com excelente aproveitamento ofensivo, baseado em boa troca de passes que geram grande número de assistências e cestas fáceis. Denver foi a equipe que menos arremessou de três na temporada regular, mas aproveitou muito bem outras situações como grande aproveitamento nos pontos dentro do garrafão.

Individualmente, nos playoffs, Jokic lidera a equipe, com médias de 28,2 pontos (59,1% de aproveitamento nos arremessos de quadra), 16,2 rebotes e 9,8 assistências, acertando 92,6% da linha do lance livre. Atrás do sérvio, Murray teve dois game winners na série e sustenta médias de 23,6 pontos e 7,2 assistências, superiores a seus números na temporada regular. Atrás dos dois, Michael Porter Jr. é quem aparece com mais destaque, contribuindo com 22,8 pontos, 8,4 rebotes e incríveis 48,8% de aproveitamento em 8,2 tentativas da linha dos três. Aaron Gordon tem feito trabalho incrível defensivo e ainda contribui até aqui com 13,8 pontos e 9,8 rebotes.

Os Timberwolves tiveram uma subida de uma temporada para outra digna de nota. A equipe terminou na terceira posição, uma vitória apenas atrás dos Nuggets, seu algoz da última pós-temporada. Enfrentando o estrelado Phoenix Suns, a equipe que não vencia uma série de playoffs desde 2004 simplesmente atropelou e varreu o rival com um 4 a 0 retumbante.

As dificuldades de adaptação entre Karl-Anthony Towns e Rudy Gobert dentro do garrafão ficaram para trás na última temporada, com o francês ressurgindo novamente como um dos melhores defensores da liga, inclusive favorito a levar seu quarto prêmio de Melhor Defensor do Ano para casa, liderando aquela que foi a melhor defesa da temporada. Quem surgiu definitivamente também nesta temporada foi a estrela de Edwards. O jovem de 22 anos dominou a temporada inteira e mostrou na primeira rodada que não abaixa a cabeça nos playoffs.

Nos playoffs, Edwards lidera a equipe com médias de 31 pontos, oito rebotes e 6,3 assistências, acertando ótimos 43,8% dos arremessos de três. Towns vem logo atrás com 19,3 pontos e 9,5 rebotes, com 52,9% de aproveitamento nas bolas de três, mas sustenta 4,3 faltas por partida, algo que se mostrou um obstáculo para o jogador nos playoffs e para o sucesso da equipe. Gobert tem double-double de média com 15 pontos e 11 rebotes, e mais três jogadores acumulam mais de dez pontos por jogo, ilustrando a rotação extensa que a equipe possui e segue utilizando na pós-temporada.

O CONFRONTO

O pivô Nikola Jokic é o melhor jogador de basquete do mundo e grande favorito para seu terceiro MVP nos últimos quatro anos. Histórico. O pivô Rudy Gobert voltou a sua grande forma defensiva e é o favorito para seu quarto prêmio de Defensor do Ano. Histórico. Os dois batalham no garrafão e muito difícil esse não ser um dos grandes destaques da série entre Nuggets e Wolves.

Por mais que o embate tenha tudo para ser equilibrado, na verdade, na temporada regular, Jokic deu um banho em Gobert e Naz Reid, pivô reserva e recente vencedor do prêmio de Sexto Homem do Ano. Nas quatro partidas entre as equipes (Gobert e Reid não jogaram o segundo jogo), Jokic acumulou médias de 33,3 pontos, 11,8 rebotes e 58,4% de aproveitamento nos arremessos de quadra (sendo 40% nas bolas de três), números bastante representativos, enquanto o francês teve 12,7 pontos e 13 rebotes.

Jokic já mostrou em diversas ocasiões que não se importa com um jogo defensivo físico sobre si, até gosta e tira bastante vantagem disso, então será interessante ver como o técnico Chris Finch e o assistente defensivo Elston Turner abordarão a defesa e a cobertura sobre Jokic, já que o sérvio, com suas ótimas leituras, e os Nuggets têm boas respostas para praticamente tudo, desde dobras a defesas por zona. A grande questão é que ninguém consegue efetivamente defender ou limitar muito “Joker”, então o cerco aos demais pode ser o grande segredo defensivo dos Wolves a ser aplicado.

Se tem um time para fazer isso e que possui diversas armas defensivas para atrapalhar a máquina ofensiva do Colorado esse time é justamente Minnesota, melhor defesa, consideravelmente, da temporada regular. O veterano e tranquilo armador Mike Conley ou o enérgico e ágil Edwards em cima de Murray; o ala físico, atlético e “comprido” Jaden McDaniels em Porter Jr. ou Gordon, e ainda Reid, Nickeil-Alexander Walker e Kyle Anderson vindos do banco são armas das mais diversas características para variar a abordagem e complicar a vida dos campeões em, sem exagero, todas as posses.

Jokic e Murray deverão fazer grandes série, indiscutivelmente, mas o sucesso dos Nuggets também deverá passar por Porter Jr. Os Nuggets foram a equipe que menos arremessou de três (31,2) na temporada regular entre todos os 30 times e não segue lá muito bem nos playoffs, mas MPJ sai muito da curva. O ala-pivô foi de bons 39,7% em 6,8 tentativas de três na temporada regular para incríveis 48,8% em 8,2 tentativas contra os Lakers, suprindo os dias terríveis de outros arremessadores, como Kentavious Caldwell-Pope e Murray. Se MPJ mantiver essa consistência será uma dor de cabeça para os Wolves pelo difícil matchup defensivo que o alto ala representa.

Do lado dos Wolves, a estrela e motivo de preocupação para a defesa de Denver é definitivamente Edwards. O jovem “Ant” chega à segunda rodada como um dos melhores jogadores dos playoffs, depois de encarar, superar e debochar Kevin Durant, Devin Booker e Bradley Beal, praticamente um por um, mais de uma vez e sem baixar a guarda. Enfrentar Jokic, uma das grandes estrelas do basquete mundial, deverá servir como mais combustível para o ala-armador, que superou seu ídolo “KD” como se fosse um jogador qualquer.

“Ant” lidera um ataque que foi excepcional na primeira rodada dos playoffs. Melhor defesa da temporada regular disparada, os Timberwolves saíram da série contra os Suns com o melhor ataque da pós-temporada até aqui (123,2 pontos a cada 100 posses). Esse ataque superou por quase dez pontos o que a defesa dos Suns conseguiu segurar na temporada, baseado notadamente em um altíssimo volume de rebotes ofensivos (39,2% dos rebotes ofensivos disponíveis é a melhor marca dos offs até aqui) e muitas idas à linha do lance livre (33,3 idas a cada 100 arremessos de quadra é a segunda melhor dos offs).

Com esses números, defensivamente é imperativo que os Nuggets consigam controlar os rebotes ofensivos do rival. A boa notícia é que contra o forte garrafão comandado por Anthony Davis dos Lakers, Denver fez um bom trabalho, garantindo 78,8% dos rebotes defensivos possíveis, terceira melhor marca dos playoffs. A segunda boa notícia é que a equipe limitou os angelinos a uma taxa de ida ao lance livre de 22,2%, número bem abaixo do que os Wolves conseguiram ir contra os Suns.

Como nada é perfeito e tudo tem buracos, a má notícia para os Nuggets é que eles mesmos não foram ao lance livre contra os Lakers, com uma taxa de ida de 17,3%, a segunda pior da pós-temporada. Mas há uma luz, porque os Wolves permitiram 37% aos Suns, simplesmente a maior de todos os playoffs. Saber explorar esse balanço de defesa e lances livres e o controle de rebotes são pontos cruciais para as duas equipes no embate.

É um jogo de xadrez complexo e repleto de alternativas e pequenos detalhes que farão a diferença para uma vitória ou uma derrota.

(Foto: Reprodução Twitter / Minnesota Timberwolves)

RETROSPECTO

As franquias se enfrentaram quatro vezes na temporada regular, entre janeiro e abril de 2024, com duas vitórias para cada lado, sendo uma em casa e uma fora. Vale pontuar apenas um duelo contou com todos os titulares das duas equipes. Entre os desfalques, Towns, Gobert e Murray desfalcaram seus times em algum momento.

Minnesota Timberwolves 110 x 89 Denver Nuggets – 11/01/2024, Target Center (Mineápolis)

Minnesota Timberwolves 112 x 115 Denver Nuggets – 19/03/2024, Target Center (Mineápolis)

Denver Nuggets 98 x 111 Minnesota Timberwolves – 29/03/2024, Ball Arena (Denver)

Denver Nuggets 116 x 107 Minnesota Timberwolves – 10/04/2024, Ball Arena (Denver)

AGENDA DA SÉRIE

Jogo 1: Minnesota Timberwolves @ Denver Nuggets, 4/5, 20h (horário de Brasília)

Jogo 2: Minnesota Timberwolves @ Denver Nuggets, 6/5, 23h (horário de Brasília)

Jogo 3: Denver Nuggets @ Minnesota Timberwolves, 10/5, 22h30 (horário de Brasília)

Jogo 4: Denver Nuggets @ Minnesota Timberwolves, 12/5, 21h (horário de Brasília)

Jogo 5: Minnesota Timberwolves @ Denver Nuggets, 14/5, horário a confirmar*

Jogo 6: Denver Nuggets @ Minnesota Timberwolves, 16/5, horário a confirmar*

Jogo 7: Minnesota Timberwolves @ Denver Nuggets, 19/5, horário a confirmar*

*Se necessário

PALPITE: NUGGETS 4-3 TIMBERWOLVES

Não tenho como fugir de um palpite de sete jogos. É o que todos queremos ver e é o que os times são capazes de fazer. A série tem tudo para ser repleta de alternativas dos dois lados da quadra e se encaixar entre uma das mais divertidas de se assistir de toda a pós-temporada.

Abrindo a série em Denver, jogo a jogo devemos ver movimentações e respostas dos técnicos, que já se provaram capazes de variarem suas abordagens em resposta a mudanças do adversário. Mesmo que Finch “falte” presencialmente devido à lesão no joelho que teve, o assistente Micah Nori já se mostrou bastante capaz de comandar a equipe da quadra.

Nem digo pelo fator “mando de quadra”, mas acredito que Denver possui mais armas e variações ofensivas do que os Timberwolves possam contragolpear do outro lado. Entretanto, não me surpreenderia nem um pouco se no final, os lobos prevalecerem. A defesa é muito boa e o ataque mostrou nesta pós-temporada que consegue ser muito poderoso também. O que me surpreenderia seria uma série curta.